Compreender as nossas primeiras experiências de relacionamento do ponto de vista do bebê e como essas experiências colocam em movimento os padrões de vida tem sido o estudo intenso do campo da Psicologia Pré-natal e Perinatal por mais de 40 anos.
Essa área do conhecimento foca em nossa experiência humana mais precoce, desde a pré-concepção ao primeiro ano pós-natal e dedica-se a estudar como tornar as crianças prósperas para que se tornem adultos amorosos e resilientes.
A Psicologia Pré e Perinatal incorpora pesquisa e experiência clínica em áreas de ponta, como epigenética, embriologia biodinâmica, saúde mental infantil, apego, trauma precoce, neurociências do desenvolvimento, estudos da consciência e outras novas ciências.
A partir de 1983, a Associação de Psicologia e Saúde Pré e Perinatal (APPPAH), criada nos Estados Unidos, passa a ser porta-voz da Psicologia Pré e Perinatal.
A APPPAH é hoje a líder global no fornecimento das pesquisas e ciências mais recentes no campo da Psicologia Pré e Perinatal.
Os 12 princípios que a norteiam foram adotados e endossados pela APPPAH nos Estados Unidos. Estes 12 princípios são como um farol para orientar os pais, a prática profissional, a teoria e pesquisa, apoiar o potencial humano e relacionamentos ideais desde o início da vida.
Estabelecem a base para um novo acolhimento e cuidado de nossos bebês e para todos aqueles que querem ressignificar sua história de nascimento.
Todo mundo tem um papel a desempenhar.
- O período primário
O período primário para o desenvolvimento humano ocorre desde a concepção até o primeiro ano de vida pós-natal. Durante este período, bases fundamentais são estabelecidas em todos os níveis do ser humano: físico, emocional, mental, espiritual e de vínculos.
- A Formação do Plano Básico
As experiências pelas quais os seres humanos passam durante este período primário formam o plano básico do núcleo de nossas percepções, estruturas de crenças e formas de compartilhar o mundo com os outros e com a gente mesmo.
Esses elementos fundamentais estão implícitos, e podem ser observados nos recém-nascidos e iniciando o modo de ser que perdura ao longo da vida.
Esses padrões básicos implícitos moldam profundamente nosso ser em ambas as direções, podendo otimizar nossas vidas ou diminuir sua qualidade.
- O Continuum de Desenvolvimento
O desenvolvimento humano é a continuação do pré-natal ao pós-natal. Os padrões do estágio pós-natal se baseiam em experiências anteriores ao estágio pré-natal e do nascimento.
As bases ideais para o crescimento e a adaptabilidade, incluindo o desenvolvimento do cérebro, inteligência emocional e auto-regulação, são previstas com base nas condições ideais existentes durante o período antes da concepção, gravidez, nascimento e primeiro ano de vida.
Os fundamentos da capacidade de ter um vínculo seguro e relacionamentos ou vínculos saudáveis tem como base relacionamentos ideais durante o período anterior à concepção, gravidez, nascimento e primeiro ano de vida.
- Capacidades e habilidades
Os seres humanos estão cientes, sentem, percebem e possuem um senso do Eu, mesmo durante o período primário inicial.
Buscamos constantemente estados de maior integridade e crescimento através da expressão da vida humana. Essa motivação inata orienta e serve como motor de nosso desenvolvimento humano.
Desde o início da vida, os bebês percebem, se comunicam e aprendem de várias maneiras, como através da integração de uma mente a outra, de capacidades energéticas e físico-sensoriais.
- Relacionamentos
O desenvolvimento humano ocorre por relacionamentos desde o início da vida. Os vínculos humanos e o meio ambiente têm uma influência profunda na qualidade e na estrutura de todos os aspectos do desenvolvimento de um bebê.
Desde o início da vida, o bebê sente e internaliza o que a mãe sente e percebe. As relações entre o pai e/ou companheiro, entre a mãe e o bebê são essenciais para a otimização dos alicerces primários do recém-nascido.
Os relacionamentos e encontros com a mãe e com o pai durante esse período primário afetam a qualidade de vida e os alicerces fundamentais do bebê. Relacionamentos saudáveis de apoio e amor são essenciais para otimizar suas bases primárias.
- Necessidades inatas
As necessidades inatas de sentir segurança, pertença, amor e carinho, de se sentir amado(a), valorizado(a) e de ser visto(a) como o Ser que somos são essenciais desde o início da vida. Atender a essas necessidades ou proporcionar o ambiente adequado oferece suporte ao desenvolvimento ideal.
- Comunicação
Os bebês estão continuamente se comunicando e procurando por conexão. Relacionar-se com o bebê e responder a ele de forma a satisfazer e honrar suas habilidades multifacetadas de comunicação favorece o desenvolvimento ideal e a integridade do ser.
- A interconexão entre mãe e bebê
Maior prioridade é respeitar e otimizar o vínculo entre mãe e bebê e sua interconexão durante a gravidez, parto e infância.
- Vínculo
O nascimento e o vinculo são um processo crítico de desenvolvimento para a mãe, o bebê e o pai / parceiro que desenvolvem padrões básicos com implicações para a vida.
Os melhores resultados entre a mãe e o bebê ocorrem quando a mãe se sente capaz, responsável e apoiada, e quando o processo natural do parto flui livremente com intervenção mínima e sem interrupção da conexão e do contato físico entre o bebê e mãe. Se houver separação entre ambos, a ligação com o pai deve ser continuada e o contato com o bebê deve ser estimulado.
O bebê responde e floresce melhor quando o relacionamento com a mãe é ininterrupto, quando há comunicações diretas com ele bebê e quando o processo de nascimento apoia sua capacidade de guiar e integrar toda a série de eventos.
- Resolução e Cura
A resolução e a cura de conflitos, tensões e problemas passados e atuais que afetam a qualidade de vida de todos os membros da família é uma prioridade muito alta. É melhor alcançar essa resolução antes da gravidez. Quando necessário e para obter resultados ótimos, o suporte terapêutico para a mãe, bebê e pai é recomendado o mais rápido possível durante este período primário vital.
- Os padrões subjacentes
Quando questões não resolvidas permanecem, ou condições e experiências não ideais ocorrem durante a concepção, gravidez, nascimento e o primeiro ano de vida, existem padrões subjacentes que afetam a qualidade de vida, evidenciados em problemas de saúde, comportamentos de estresse, dificuldades na autorregulação, vínculo, aprendizagem e outros transtornos que ocorrem ao longo da vida.
- Suporte Profissional
Esses padrões de redução da qualidade de vida adquiridos precocemente estão firmemente embutidos abaixo do nível de consciência no sistema de memória implícita e nos padrões somáticos. Profissionais formados em psicologia primária, psicologia pré-natal e perinatal, têm a capacidade de identificar esses padrões e oferecer suporte a bebês, crianças, pais e adultos para que em qualquer idade possam superar e modificar essas situações, padrões primários e melhorar sua qualidade de vida. Quando os pais conseguem curar esses problemas não resolvidos, que surgem durante a gravidez, essa criança se beneficia independentemente de sua idade.
PSICOLOGIA PRÉ E PERINATAL NA MÍDIA
REVISTA TIME – “Como os 9 meses moldam o resto da sua Vida” – How the First Nine Months Shape the Rest of Your Life
FILME “IN UTERO” – “Como começamos é quem nos tornamos”
TED TALK – “O que aprendemos antes de Nascer” com Annie Murphy
TED TALK- “Homo Sapiens Frater” – Rio+20 com Eleanor Luzes
REVISTA SUPER INTERESSANTE – “O Feto aprende!
REVISTA INTEGRATIVA – “A Vida é uma repetição do que acontece dentro do Útero”
BLOG SOU MAMÃE – “O que é a Psicologia Perinatal”
HEALING WATERS – “O Pré-natal Vulnerável” – Dr. William Emerson
PATHWAYS FAMILY – “Nascimento – Um ponto Cego cultural” – Matthew Appleton
BIBLIOGRAFIA
Também há diversos estudos que relatam como a gestação e a infância influenciam na personalidade e deixa registros que se não curados, podem perdurar por uma vida inteira.
Veja abaixo alguns deles:
ORIGINS – How the Nine Months before birth shape the rest of our Lives – Anny Murphy Paul – 2010
Inside Groups: A Practical Guide to Encounter Groups and Group Therapy McGraw-Hill Ryerson, New York and Toronto, 1974 (Also published in Holland and Sweden);
The Secret Life of the Unborn Child, (with John Kelly). Summit Books, USA and Collins, Canada, 1981. (Published in 27 countries);
Pre-And Peri-Natal Psychology: An Introduction (Ed.) Human Sciences Press, New York, USA, 1987;
Parenting Your Unborn Child. Doubleday, Toronto, Canada, 1988. (Also published in Japan);
Nurturing The Unborn Child (with Pamela Weintraub). Delacorte Press, United States and Canada, 1991, (Also published in Italy, Brazil, Japan and Spain);
Gifts Of Our Fathers. Crossing Press, Freedom, CA, 1994. Fitzhenry & Whiteside, Toronto, 1994;
Tomorrow’s Baby: The Art and Science of Parenting from Conception through Infancy, Simon & Schuster, New York, 2002. (Also published in Spain, Germany, Italy, Brazil and Japan);
Pre-Parenting: Nurturing your Child from Conception, Simon & Schuster, New York, 2003. (This is the paperback edition of Tomorrow’s Baby);
The Embodied Mind: Understanding the Mysteries of Cellular Memory, Consciousness, and Our Bodies, Pegasus Books, Oct. 5 2021.
Revistas científicas:
Verny, Thomas R (2016). Cio che le cellulericordano: un percorso verso un campo unificato sulle Teoria della Memoria. ANPEP, Anno 15, No. 30.
Verny, Thomas (2014). What Cells Remember: Toward A Unified Field Theory Of Memory. JAPPPAH, vol. 29, no.1.
Verny, Thomas (2014). Pre- and Perinatal Origins of childhood and Adult disease in Lehrbuch der Praenatalen Psychologie, ed. Evertz, Klaus; Janus, Ludwig and Linder, Rupert. Mates Verlag, Heidelberg.
Verny, Thomas R (2012), The Pre and Perinatal Origins of Childhood and Adult Diseases and Personality Disorders. JPPPH, 26(3), 137 -166.
Sexo y Genero, Las Primeras Influencias, Ob Stare, El Mundo de la Maternidad, no. 18, Otono 2005.
Fatores Decisivos: Psicologia Pré e Perinatal (2007). Mente & Cerebro, Segmento-Duetto Editorial, Sao Paulo, Brazil.
The Present Status of Hypnosis. University of Toronto Medical Journal, Feb. 1961. 4 (38), 175-183.
Analysis of Attrition Rates in a Psychiatric Clinic. The Psychiatric Quarterly, Vol. 44, January 1970
The Psychiatrist as Radical Humanist. Canada’s Mental Health, Volume XX, No. 6, November-December, 1971
Adults Relive the Moment of Birth. Re-Action, Mental Health/Metro, Vol. 1, No. 4, July 1975
A Baby Sound in Mind and Body. Great Expectations, Vol. 6, No. 1, Spring 1977, pp. 16-17 Review. Brain-Mind Bulletin, September 1981
Tapping the Natal Memory Pool. Geburt – Eintritt in Eine Neue Welt, ed. Sepp Schindler, Verlag fur Psychologie, Dr. C.J. Hogrefe, Gottingen, West Germany, 1982
Prenatal Factors in Character Formation. Prenatale und Perinatale Psychosomatik ed. T.F. Hau & S, Schindler, Hippokrates Verlag, Stuttgart, West Germany, 1982
Toward a Theory of Intrauterine Bonding. Advances in Psychosomatic Obstetrics and Gynecology, ed. Prill, H.L.J. and M. Stauber Springer Verlag, Berlin, Heidelberg, New York, 1982
Sometimes a Cigar is Just a Cigar, Symposium: On The Fetal Origins of History by Lloyd de Mause, The Journal of Psychohistory, pp. 214-22, 10 (2), Fall 1982
Prenatal Psychology: Implications for the Practice of Medicine. Canadian Family Physician, Vol. 30: October 1984
Psychological Aspects of Reproductive Alternatives. American Orthopsychiatric Association Newsletter, pp. 35-36, 1984
The Psycho-Technology of Pregnancy and Labor. Neonatal Network, Vol. 3, No. 5, April 1985.